segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Balanço


E assim se passaram dois anos... Muita coisa rolou, Michael, meu querido amigo do Pan, está vindo morar no Rio, conheci muita gente bacana, realizei meu sonho de velejar, continuo adorando fazer parte do Boteco 1, reencontrei meus melhores amigos que estavam afastados de mim por causa do André, descobri o sofrimento profundo, aquele que deixa marcas na alma e no corpo, conheci a alegria de sobreviver a um relacionamento com um psicopata e encontrei o medo por ter vivido com esse mesmo psicopata durante quase 10 anos... Percebi que, em geral, os que nos avisam sobre algo são pessoas que nos amam de verdade. Tive pena de quem tem que conviver eternamente com a falta de controle sobre suas ações e emoções (é, André, eu te perdoeei porque sei que você não pode controlar isso, exceto sob efeito de medicação). Enfrentei a angústia de ser perseguida no trabalho, de quase deixar de acreditar na minha capacidade por causa de alguns idiotas, reconstruí minha auto-estima e confiança. Estou reconstruindo minha vida a partir dos cacos que restaram. Adiei sonhos, mas tenho certeza de que vou reencontrá-los em breve. Voltei a vibrar, não com a mesma intensidade pois a dor eliminou muito da minha leveza, mas com vontade, com a sede de quem esteve muito perto do fim. Tive a alegria de encontrar em Isabella muito mais do que uma sobrinha, mas um anjo que me acolheu em seus braços adolescentes quando a força me faltou e fiquei prostrada por dias sentindo a vida sumir de mim. Devo minha vida a ela... nunca poderei lhe pagar pelo que fez. Me olho no espelho e meu reflexo ainda hesita... Há o medo de acreditar que tudo passou. Por vezes, lágrimas escorrem involuntárias... Ainda há muito para esquecer, para sublimar. Mas estou caminhando. Com novas características, algumas das quais me irritam, como o egoísmo protetor em que me recolho algumas vezes. Mas entendo que é preciso. Amar novamente? Não sei se quero. Mas não descarto. O que quero agora é conseguir construir parte do meu sonho. Sei que ele não estava ligado ao André. A casa, com telescópio era para ele, sim, mas tambem era para mim e não vejo razão para desistir disso. Será em Paraty, em Arraial? Não sei. Sei que será. Sei também que não vou morar na Finlândia...rsrs Mas que certamente farei muitas viagens felizes a Paris ou ao Jalapão, não importa. Também vou fazer meu curso de vela. Um veleiro não está fora dos planos, nem minhas aulas de chinês, boxe e dança de salão. E o violão! Minha alma está pedindo o violão de volta!(os vizinhos, nem tanto, risos). A vida está se descortinando para mim com tantas possibilidades que tenho sentido dificuldade em me decidir por um caminho. É estranho estar livre depois de tanto tempo sendo controlada por alguém. Estou reaprendendo tanta coisa! Há um clarão que me guia, mas que também me ofusca. Ainda assim caminho, nem que seja a passos curtos. Não há mais inércia. Voltei.