domingo, 25 de abril de 2010

O mais perfeito dos dias

Dia 24 de abril de 2010. Essa data certamente estará entre as minhas melhores lembranças dentro de alguns anos. Na verdade, já está. Pensar nas horas passadas me traz um delicioso sorriso aos lábios, uma sensação de plenitude, alegria e paz.
O dia começou preguiçoso. Eu estava preguiçosa, aliás, tenho estado assim com constância. Aos poucos, fui fazendo o que era preciso. Sem pressa.
E foi sem pressa que fui para o Recreio.Entrando no bairro, lembranças felizes da minha infância afloraram. Os passeios com meu pai por aquele lugar que era um areal mas que, nem mesmo com as construções e vida adquiridas nos últimos anos, se tornou um lugar estranho para mim.Sem pressa cheguei na casa do meu irmão. Fui recebida com um carinho, um amor tão maciços que é impossível expressar e definir o efeito provocado sobre minha alma.
Eu, que em janeiro, já tinha programado e reservado uma viagem para um resort chique em Florianópolis com amigos para essa semana, cancelara tudo há 15 dias e não conseguia explicar a razão. O motivo ficou claro para mim ao ver o sorriso de minha sobrinha Lia, que comemorava seu aniversário e ficou surpresa em me ver.
Aos poucos, fui percebendo que ao longo do dia, pessoas que me são tão caras, foram se agregando e estavam ali naquela sala. Por um momento lembrei da casa de Guadalupe, sempre com gente, almoços de final de semana e todo o tempo a presença intensa de meu pai.
Hoje estava comigo minha "irmã siamesa" (alguns de você vão lembrar de quem estou falando...rsrs), curtindo a barriga de 5 meses sobre a qual ela deliciosamente me contou me segredo no meu aniversário no Lamas me fazendo chorar muito. Meu irmão, paizão lindo, a quem amo tanto. Mamãe, claro. Elaine, Dani. E as pequenas do meu coração: Lia e Dorinha.
Toda essa gente me deu um presente que não vou poder pagar nunca. Me trouxeram de volta para algo que sempre foi fundamental para mim: a família. A minha amada família que fui deixando de lado aos poucos, "a pedidos". E de quem não me reaproximei antes por vergonha por ter me deixado afastar.
Hoje entendi que não quero estar e nem nunca quis estar longe. Hoje retornei. Hoje recuperei parte de mim que estava perdida, uma parte fundamental.
Resort em Floripa? Ah... bobagem!! Vou depois. Com todos os que me fazem feliz. De preferência, com o bando todo, agora que ele está completo de novo.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Estrella

Quando fui para a área de TI, assustada, com medo das situações que iria encontrar, conheci uma pessoa especial, que sempre tinha um sorriso e uma palavra de incentivo para mim. Um gentleman. Um profissional impecável. Um amigo querido. Uma pessoa altruísta, generosa, otimista. Ele, com seu jeito carinhoso, quase de pai, estava sempre perto de todos nós, nos incentivando, algumas vezes nos desafiando. Quando duvidávamos do sucesso de algum novo projeto, era ele quem nos convencia que, com nosso empenho, conseguiríamos alcançar o que desejávamos.
Uma das últimas reuniões importantes e que me trouxeram estímulo para continuar foi liderada por ele. ão faz muito tempo. Duas semanas, talvez. Naquele momento, ele conseguiu, mais uma  vez, me estimular, me fazer acreditar que valia a pena o esforco. Era uma sexta-feira.
Quando cheguei para trabalhar na segunda seguinte, ele não estava lá. Logo, veio a notícia da internação. Todos nos mobilizamos. E todos mantivemos a certeza de que era só uma crise e que ele logo estaria de volta. Hoje, no início da tarde, numa trégua da chuva e com um céu incrivelmente azul, levamos o corpo dele para o descanso.
É. Apenas o corpo. Estrella sempre estará conosco. Em cada decisão que eu tomar no meu trabalho, em cada risada que eu der ao contar sobre uma viagem bacana, na gozação depois do futebol. Mas vou sentir falta do sorriso, do bom dia carinhoso. Entrar na sala e ter a certeza de que ele não vai estar lá para fazer isso dói. Egoísmo meu, eu sei. Mas é que era tão bom, a cada manhã, ser recebida daquela forma...
Mas vou dar o meu jeito de preservar a sensação bacana e o sorriso que ela provocava. Ele tentou nos mostrar uma maneira amiga, simples e gentil de ser, sem deixar de ser profissional e competente. Cabe a cada um nós descobrir a forma de preservar esse legado, esse presente que foi merecer conhecer o Estrella,

domingo, 4 de abril de 2010

Normalidade...

Ano passado, durante um breve período, tive a impressão de que minha vida voltara ao normal. O sorriso vinha fácil, a alma estava tranqüila. Eu estava feliz. Pena que foi só por naquele curto espaço de tempo... Nem ouso me perguntar se vou voltar a sentir aquela alegria, aquele conforto, aquele aconchego novamente... Nem ouso sonhar que um dia vou ter a vida  "normal" que sempre desejei.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

O brilho do olhar

Semana estranha... Reencontro com a loucura em diversos momentos. Reencontro com gente que preferia apagar da minha vida. Tudo acontecendo de forma inesperada, me pegando sem defesas.Tive medo. Muito. Pelo que já passei e pelo o que ainda acho que posso passar.
É muito duro estar na condição de vítima. Não gosto disso. Não gosto da carga que isso joga sobre meus ombros. Mas aconteceu. E sou obrigada a conviver com essa parte da minha história. Há quem não compreenda a extensão da violência a que fui submetida. Violência emocional da pior espécie. Não se trata de um simples fim de relacionamento. É um relacionamento que fui obrigada a encerrar, com uma dor  que jamais imaginei sentir. Não era por ciúme, não era por raiva. Era por ter perdido a confiança, por descobrir a loucura do outro, que expunha a mim e aos meus ao risco.  Era por decepção, por me ver mergulhada em mentiras. Era por descobrir, bruscamente, que tinha vivido uma farsa. Era, e ainda é, por perceber naquele instante que, dificilmente, voltaria a confiar em alguém, a ter um relacionamento "normal".
Ser lesada dessa forma cruel, porque poucas coisas são mais cruéis para com o outro do que destruir a sua capacidade de confiar, me atordoou. Isso imobiliza a gente, deixa sem norte, sem destino. E dói. Dói porque a gente quer acreditar, quer confiar novamente, mas não consegue.
Como numa coincidência estranha, depois do "encontro", o assunto loucura esteve presente em diversos momentos da minha semana, em fatos envolvendo pessoas próximas, em textos que chegaram, em documentários, em notícias... E, por diversas razões, fui levada a reviver emoções que quero manter num cantinho. É... porque elas estarão sempre lá. São como cicatrizes. Doloridas.
Quase três anos se passaram. Me olho no espelho e as marcas ainda estão lá. Profundamente cravadas no meu olhar triste, sempre triste. Algumas coisas na minha vida ainda estão voltando aos poucos ao normal. Mas a que eu mais queria era o brilho do meu olhar... Quando isso acontecer, me sentirei com alma novamente e posso ter a esperança de voltar a ser feliz.