domingo, 30 de maio de 2010

Sobre a delicadeza

Todos nós temos nossas convicções. Alguns somos mais convictos que os outros. Mas existe algo que é faz diferença: a delicadeza com que defendemos nossas idéias. Já faz um bom tempo que percebi que não tenho o direito de achar que o modo como o outro vê as coisas é melhor ou pior que o meu. Apenas é diferente.
Reparei nisso após uma pessoa sentir-se magoada pelo fato de, ao tentar ser engraçada fazendo um comentário sobre um fato que a envolvia, deixei passar a impressão de arrogância, deboche e até algum descaso. Eu brinquei com algo que era importante para ela e para outros e, ao mesmo tempo, enalteci a forma com que eu teria resolvido e/ou me portado numa situação similar.
Quando ela me disse que tinha ficado chateada, parei para ouvir. Perguntei a razão. E ela simplesmente falou que acho pouco delicado eu me manifestar daquela forma. Nada contra o fato de eu achar que a minha maneira é melhor ou mais divertida. Mas ela achava que dar tanta ênfase para isso, tinha beirado o escárnio. Pensei em discordar. Mas achei melhor tentar ver com o olhar do outro.
Ao fazer isso, esse exercício tão difícil que é dar voz ao outro, percebi quantas vezes magoamos as pessoas sem sequer perceber. Não somos melhores, mais especiais ou mais espertos do que os outros. Apenas exorcisamos nossos fantasmas de formas diferentes. E devemos, sim, respeitar a forma do outro se expressar, se divertir, amar, viver.
Se eu acho que a minha maneira é melhor, bom para mim. Certamente serei uma pessoa realizada e feliz pois estarei com tudo funcionando de forma bacana em minha vida. Afinal, eu descobri a perfeição! rs Mas o que torna a pessoa realmente especial numa ocasião dessas é a capacidade de ver  o outro e compreender o quanto a maneira dele ver o mundo é perfeita para ele. Não cabe a nenhum de nós tentar mudar o outro.Menos ainda, fazer pouco do que o outro pensa. Vamos ouvi-lo e, se for o caso, guardemos o escárnio, a brincadeira para nós mesmos.
Talvez seja uma ilusão minha, mas acho que uma pessoa feliz não precisa ficar reafirmando que é feliz. Não precisa, ainda que de forma inconsciente, ser indelicada com o outro ao brincar com algo que é importante e bacana para ele, não precisa tentar tirar dele o foco de luz.
A pessoa que está feliz me parece que está, sobretudo, em paz. Ela convive bem consigo. Ela não tem necessidade de se mostrar ao mundo o tempo todo porque o mundo a reconhece. Eu conheço algumas poucas pessoas que, acho, são felizes. Elas cabem dentro de si, não precisam extrapolar. Não possuem a ânsia de dominar a situação, de controlar. Não há exagero. Nem comedimento. Elas simplesmente são.
Mas temo por aqueles que reafirmam sua felicidade todo o tempo. Me pergunto se eles , na verdade, não estarão buscando algo inatingível. Tenho a sensação de que buscam algo inatingível, buscam a perfeição e, por isso não encontram nada. Há um vazio que faz com que busquem o tempo todo algo que nem sabem o que é. Não conseguem aceitar o imperfeito como perfeito, como diferente. Não conseguem ver que as pessoas possuem caminhos e fórmulas diferentes que devem ser respeitados. A simetria, a constância, a obrigação, tornam tudo entediante e estagnado.
Então, vamos ser mais delicados e aprender a aceitar que os outros curtem coisas diferentes, de formas diferentes e que a nossa forma nunca vai ser a melhor, apenas será diferente.

3 comentários:

carmencita disse...

Olá.Acordei.O que fazer?
Lembrei de seu espaço para exibicionismo(rs),gosto,e lá fui.
Estou numa fase de me observar nas situações,mais observar meus sentimentos,e encontro isso acontecendo com vc.
Vou te sugerir atritos de Roberto Crema.Sabe Elisa.Hoje sei que sou feliz sozinha,e cabo em mim.
O outro me ajuda a descobrir como sou e o que anseio.Pode parecer egoista,mais gosto disso.Beijos .

Elisa Maria disse...

Olá! Vou te contar um segredo! sempre achei que você fosse outra "carmencita", rsrs! Como não aprecia foto sua nos comentários, pensei que era ela. Bom saber que tenho 2 leitoras!! rsrs
Olha eu realmente não ligo muito para o que vão pensar. Mas me irrita que as pessoas não tenham a percepção do quanto se tornam inconvenientes tentando nos obrigar a ver sob ótica delas. Nessas horas procuro ficar zen e deixo rolar. E faço aquilo que me dá vontade mesmo. Tipo sair de uma festa que acho chata e me enfiar num restaurante gostoso para bater um papo mesmo com todos me chamando de esnobe. Mas aí eu falo: vocês sabem que eu sou assim, então... :-) Beijo e bom final de semana para você.

carmencita disse...

É eu esqueço que agora estou aparecida(rs).
Me identifico com vc pela ousadia(rs).
Bom final de semana.Beijos