domingo, 9 de outubro de 2011

Pensamentos solitários

O domingo vem chegando ao fim, fechando uma semana em que fiquei cuidando de minha mãe. Já faz um tempo em que ando assustada com as mudanças que a idade impõe a essa mulher durona, de 84 anos, que sempre enfrentou tudo com garra. Alguns anos atrás, quando ela precisou colocar pontes no coração, eu passei a tentar me acostumar com a idéia de que um dia iria acordar e, ao chegar no quarto dela, não teria mais o que fazer. Isso porque ela sempre esconde o que sente. Então, se algo acontecer, sei que ela não vai pedir socorro. Ela vai tentar se virar sozinha, como já fez antes. E eu vou daqui fazendo mágica para controlar a angústia e o medo. Fazer o que?
Outra coisa que me cutuca todo o tempo é o medo de não encontrar a metade da minha laranja. Há quem diga que eu tenho que me desligar. Já fiz isso. Me desliguei por um bom tempo. Nada. Então resolvi dar ouvidos a outra galera, a que diz que tenho que correr atrás. Até existe alguém que me interessa muito. Mas eu não sou objeto do interesse do rapaz, não na amplitude que eu gostaria. Então, apertando o botão descurtir e tentando deixar tudo no terreno das boas amizades.
A moça meio bruxa da loja de produtos naturais olha ppara mim e diz, sem filtros, que eu não estou olhando m volta. Caramba! O que mais eu tenho que fazer? Colocar uma placa de "disponível" na testa??? Não posso andar por aí cantando todo cara que eu achar interessante. Nem saberia fazer isso. Nunca precisei. Na adolescência e início da idade adulta, meu trabalho era afastar quem não me interessava. Então não desenvolvi a habilidade da conquista. Sei namorar, mas não sei conquistar... Isso complica as coisas e explica porque conheco tanta gente, mas meu telefone não toca. Triste isso, né?
Estou começando a achar que vou ser daquelas velhinhas tristes e sozinhas, que saem só para ir ao mercado, ao banco... Eu não queria ser assim, não. Adoro, quando estou por aí, e vejo aqueles casais que envelhecem juntos. Sempre achei que ia ser assim, companheira de alguém, com quem faria coisas bacanas para os dois... A tal da história da metade da laranja...
Eu fico me perguntando se sou uma pessoa muito chata, muito feia, muito burra... Ninguém nunca falou diretamente qual é o meu "problema". Eu queria saber, quem sabe dá para arrumar? Eu sempre achei que meu maior problema é a timidez. Quando mais nova não era assim. Mas meu pai me infernizou tanto, especialmente depois do caso em que um sujeito me atacou, que passei a controlar meus atos. As pessoas me falam: você é tão calma! Eu respondo: não, isso é controle mesmo... infelizmente.
Como a gente acaba um post em que começou falando do medo da morte? Acho que acaba simplesmente admitindo que tudo o que queria agora era ter alguém para me puxar prá perto e eu poder me aninhar e chorar.

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