quarta-feira, 16 de abril de 2008

Sobre filhos e doação

Se existe algo que realmente me faz ficar triste, me faz ter a sensação de não ser completa, é o fato de não te engravidado. É uma frustração com a qual tento lidar desde que fui obrigada a tirar o útero. Eu nunca me imaginei casando mas, diversas vezes, fiquei pensando como seria carregar uma vida dentro de mim. Hoje, fui visitar Alê, que deu à luz a Juliana. Fiquei tão feliz por vê-la mãe! Tenho um carinho especial por ela. Talvez, porque ela tenha idade para ser minha filha...
O irônico nisso tudo é que não parí, mas criei. Noites sem dormir por causa de febres, papos sobre sexualidade, irritação com pequenas mentiras, medo de soltar a cria...tudo isso eu vivi com minha sobrinha Ida.
Agora, quem anda por aqui é Isabella. Está com 13 anos e toda a arrogância da idade. Mas, se me preocupo com a cabecinha confusa que percebo, me sinto revigorada pela sua alegria, pelas bobagens que fala e, até mesmo, pela responsabilidade de cuidar dela por um período e fazê-la feliz.
Às vezes não consigo evitar o pensamento de que a vida foi injusta comigo ao não me permitir a gravidez, ter meus próprios filhos. Nessas horas penso que minha missão é outra: amar a todos aqueles que, por um motivo ou outro, não se acreditam dignos de receber amor. Eu, simplesmente, acolho. Fiz isso tantas vezes. Mesmo quando estava mal, eu acolhi quem me procurou. Alguns diriam que isso é um defeito meu, que eu não deveria fazer isso. Mas não sei abandonar quem necessita de um afago, de uma palavra de esperança, de uma companhia que segure sua mão quando chora. Eu não me nego. E sei que não seria feliz se me negasse.

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